23 de novembro de 2015
Da série Poesia em Metro: 'Tipo Elvis'
queria eu flutuar em cima da cama, a um palmo dos lençóis, sustentado apenas pela força da exigência e da necessidade do momento, como se quisesse levantar minha carne em direção ao sol, longe suficiente para não me queimar mas perto o bastante para matar a vontade, matar a saudade, sentir saudade dos dias que não foram fotografados, existem apenas na memória fraca e falha - quem confia na própria memória? - tudo podia ser exatamente registrado para consulta posterior, sempre que fosse preciso estaria ali à disposição dos curiosos e desocupados, e eu continuaria flutuando como alguém que precisa descolar a sola dos tênis do chão, as costas suadas dos lençóis da cama, separar um hemisfério cerebral do outro, matar a sede com copos d'água, cagar à vontade e jogar o papel no vaso, não fotografei tudo que quis por absoluta falta de memória, agora me arrependo e vejo os álbuns de fotos alheios, como quem espia pela fresta da cortina ou fica na escuta telefônica, louco para se agradar com cenas que não lhe pertencem, para se divertir com o fracasso / sucesso dos outros, invejar o porte físico, a conta bancária ou o corte de cabelo, tipo elvis.
Da série Poesia em Metro: 'Um tiro em Adão'
grite adeus às grandes ilusões do passado
pontos-de-vista que não miravam o mesmo fim
o choro é branco, como leite derramado
o presente é belo, mas não é tão belo assim
às vezes dá vontade de se jogar no sofá o dia inteiro
às vezes dá vontade de jogar tudo pela janela, sofá incluso
se eu não gosto ou sou contrariado, fico todo mordido
não sou relógio digital, sou de ponteiro
hipnose na tv, o efeito em mim foi coceira
não consigo ficar de pé, nem sentado na cadeira
preciso de auxílio médico
preciso de botinhas ortopédicas
preciso de mais luz, para ler o que está escrito aqui
se o interfone tocar, mande dizer que já saí
vendi uns discos hoje, pra pagar o café
acabou o dinheiro, fui trabalhar a pé
estou cheio de tarefas, estou cheio de perebas
um tiro em Adão, outro tiro na Eva.
Coluna ANTENA do Jornal Panorama Regional, edição de 13/11/15
• Não bastassem todas as tolices e engodos 'artísticos' presentes na Bienal do Mercosul, um gênio da arte inventou de prender uns papagaios em gaiola na Usina do Gasômetro. Os animais ficam confinados, em meio à barulheira do público, sob estresse. Houve protesto de ativistas no último final de semana, e uma vereadora ingresssou com ação na Justiça para retirada dos papagaios. Em um momento que a sociedade já começa a rever a existência de zoológicos, e países como a Índia proíbem aves em gaiolas, essa 'arte' é constrangedora e um retrocesso.
• Nunca vi uma Feira do Livro de Porto Alegre tão magra, com tão pouco público e com tantos espaços vazios entre as bancas. Mas, como todo evento, a divulgação oficial diz que é 'sucesso de público'.
• A mineração polui de 64 a 102 bilhões de litros de água por ano. É a maior fonte de contaminação por ácido sulfúrico e metais pesados em lençóis freáticos e ecossistemas aquáticos no mundo.
• "Nunca é tarde demais para abandonar nossos preconceitos. Não se pode confiar às cegas em nenhuma maneira de pensar ou de agir, por mais antiga que seja. O que hoje todo mundo repete ou aceita em silêncio como verdade amanhã pode se revelar falso, mera bruma de opinião que alguns tomam como uma nuvem de chuva que fertilizaria seus campos". Frase de Henry David Thoreau, autor do clássico 'Desobediência Civil'.
• Nunca vi uma Feira do Livro de Porto Alegre tão magra, com tão pouco público e com tantos espaços vazios entre as bancas. Mas, como todo evento, a divulgação oficial diz que é 'sucesso de público'.
• A mineração polui de 64 a 102 bilhões de litros de água por ano. É a maior fonte de contaminação por ácido sulfúrico e metais pesados em lençóis freáticos e ecossistemas aquáticos no mundo.
• "Nunca é tarde demais para abandonar nossos preconceitos. Não se pode confiar às cegas em nenhuma maneira de pensar ou de agir, por mais antiga que seja. O que hoje todo mundo repete ou aceita em silêncio como verdade amanhã pode se revelar falso, mera bruma de opinião que alguns tomam como uma nuvem de chuva que fertilizaria seus campos". Frase de Henry David Thoreau, autor do clássico 'Desobediência Civil'.
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