8 de dezembro de 2014

Artigo: A dama e o veado

 Fotos: Jen Osborne



por Marcio de Almeida Bueno

De maneira que esse amor sob confinamento, quase uma cena de S/M, é perceptível no momento em que uma das partes está com uma corda no pescoço. Claro, nem todos percebem essa sutileza, linha tênue que separa uma história emocionante, ‘inspiradora e exemplar’, de um relato ingênuo que vê brilho nas molduras da tristeza. É como vejo o caso de Janet Schwartz e seu veado Bimbo.

Para quem não acompanhou o caso, Janet Schwartz é uma idosa que criou o veado Bimbo desde seu primeiro dia de vida, morta a mãe doze anos atrás. Agora ele passa seus dias em um curral lamacento - de onde não poderia escapar de um urso ou puma, abafa o caso - e dorme dentro de casa durante a noite. O governo do Canadá interferiu porque é ilegal ter um animal selvagem como ‘pet’, aí virou comoção, entrou a Imprensa no meio, ‘onde já se viu, pobre velhinha’, e ficou por isso mesmo. Bimbo na coleira, amarrado aqui, preso acolá, trancafiado em casa na hora de ser bibelô e dar selinho em sua dona - repito - dona, depois volta para o cercado enlameado. É sua gaiola, seu aquário.


Entre o bucólico que a fotografia transmite, a beleza rural que tantas lembranças trazem, está um contrato de propriedade à força. Bimbo não é mais ele próprio - correndo pelos bosques canadenses, escapando dos ursos, fazendo fuc-fuc e constituindo família, e o que quer que os cervos façam em seu dia a dia, que não deveria ser da nossa conta. Não, Bimbo virou Bambi, um animal-brinquedo, animal-consolo, animal-meta e bichinho de pelúcia de si mesmo. Sua dona - firso - dona tem certeza de que tudo está OK porque Bimbo lhe dá lambidas e selinhos.

Como muitos animais que caíram nas mãos de amorosos humanos. Alguns têm uma rodinha para correr o dia todo, outros ficam presos o tempo todo porque são ‘muito brabos’, outros andam na calçada aos puxões no pescoço, enquanto alguém impacientemente espera por um cocô, xixi ou cheirada, outro tem um lindo aquário para nadar em círculos, outro cumpre pena de prisão perpétua em uma solitária cujo jornal é trocado todos os dias, com, hã, amor.

O que muda é o tamanho da gaiola.

1 de dezembro de 2014

Feira Vegana Especial de Natal acontece no próximo domingo

No dia 07 de dezembro, domingo, das 11h às 21h, acontece a Feira Vegana de Porto Alegre Especial de Natal, na Casa Liberdade (Rua Liberdade, 553 - bairro Rio Branco – Porto Alegre/RS).
O evento contará com 17 expositores de produtos exclusivamente veganos, que comercializarão alimentos, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, todos livres de crueldade animal.
Os grupos Bichos do Sarandi e Gatos da Redenção, que cuidam de animais carentes na capital, estarão promovendo um brechó beneficente. Um evento de adoção de animais abandonados será organizado pelo grupo Patas Dadas.
O coletivo Vanguarda Abolicionista estará distribuindo material educativo sobre direitos dos animais e orientando as pessoas acerca do veganismo.
A empresa Delivery Veg estará sorteando uma cesta de Natal, recheada de produtos veganos, para seus clientes.
Às 11h, acontece uma oficina de suco verde, oferecida pelo valor de R$ 10,00. Não é necessária inscrição antecipada.
Às 14h, acontece a palestra “Alimentação Veg, o remédio Divino”, com o terapeuta ayurvédico Radhanti Maharaj.
Às 16h, a psicóloga e ativista Eliane Carmanim Lima falará sobre “O mito da proteína animal, da bioquímica às ciências sociais”.

Link do Evento: https://www.facebook.com/events/1517971001795149/?fref=ts.

27 de novembro de 2014

Locked love

Pois esses dias alguém colocou um cadeado em uma das grades da passarela sobre a avenida Goethe, que une os dois lados do Parcão. Nele, os dizeres 'Nice & Zoca'. Imagino que um casal prafrentex tenha feito tal proeza, visando uma marca pública de seu compromisso amoroso. Talvez ambos tenham uma cópia da chave, com a jura de que somente ao - evantual - final da relação, algum vá abrir o cadeado para tirá-lo dali. Enquanto isso, no 'eterno enquanto dura', fica o objeto bem preso na passarela, ao olhar de tantos passantes, lembrando as próprias façanhas quando apaixonados, e outras lembranças. Daria um bom roteiro para cinema.

Papi vota em Pepe, óbvio


Na banca de churros do Papi, simpático uruguaio que trabalha na esquina da 24 de Outubro com Nova York, agora há buttons de Pepe Mujica. Ele viajou recentemente a seu país para votar nas eleições presidenciais, cujo segundo turno é por este dias. Papi completou oitenta anos no mês passado, e segue firme no trabalho, conquistando a todos com seu jeito de vovô boa-praça. A propósito, veganos têm como opção o churros de goiabada, sendo que a massa básica é isenta de ingredientes de origem animal.


Um pôr-do-Sol logo ali

Conforme o dia e o horário, é possível estar no Mercado Público e acompanhar, via Sete de Setembro, toda a beleza do pôr-do-Sol no lago Guaíba. O segredo é ficar parado, alheio à zoeira perene dos veículos que ali fazem um 'S' para pegar a avenida Júlio de Castilhos - para onde vai toda essa gente, mesmo? - e relaxar. O espetáculo dura alguns minutos, embora pouca gente esteja, estando fora do Facebook e do What's App, acompanhando um show de cores e luzes. Um pôr-do-Sol logo ali.

Céus

Neste novo edifício da Tobias da Silva, quase em frente à saída secundária do Shopping Moinhos, é difícil precisar onde termina o céu e onde começa o arranha-céus. Que os passarinhos estejam com o GPS atualizado.

16 de novembro de 2014

'Vocês são os que não comem carne, né?' e o gado com fones de ouvido

por Marcio de Almeida Bueno

Na verdade, o abate é tão somente uma das faces da escravidão animal – de forma diferente, podemos citar os cavalos de carroça, os coelhos em laboratórios de testes de produtos, o touro na tourada, o macaco no zoológico, a lagosta viva no restaurante chique, os cachorros nas fazendas chinesas, a lista é quase infinita. Quer dizer, há o abate final após uma vida de não-liberdade, e há a vida inteira de tortura, sem a bênção da morte como fim do terror. Se bem que, por exemplo, os cavalinhos de carroça são estourados a vida toda, e na finaleta alguns acabam no abatedouro, diferente de seus iguais que capotaram no asfalto e espumaram pela boca até a chegada do toque piedoso da senhora Morte.

Então o cidadão médio nivela a coisa como ‘não comem carne, né?’, pelo máximo de excentricidade que consegue vislumbrar – um abstêmio, como já ouvi certa vez. Pensar naquilo que não lhe traz um ganho imediato, e sempre para si, está fora de cogitação, pois desde o parar de fumar até a reza aos domingos, é sempre para benefício pessoal, em última análise.

Mas há uma realidade por trás do glamour aparente, desta opção não-escolhida que a maioria segue entoando tal como não escolheu o time de futebol para o qual torce, mesmo que grite e pule a cada jogo assistido. E a grande massa pensa, por ignorância ou remorso, que tudo é como no sítio da Vovó Donalda, com animais felizes e de estimação. Uma rápida análise das embalagens dos produtos em supermercado nos faz pensar que os animais voluntariamente dão sua vida pela carne servida aos humanos, a galinha cordialmente se esforça para dar os ovos aos humanos, o porco aparece com chapéuzinho de cozinheiro, etc. Sempre para os humanos, jamais seus corpos-ingredientes são gentilmente cedidos às feras, aos predadores naturais – os tão citados carnívoros! – ou a quem, vá lá, esteja moribundo e morrendo de fome. Sempre ao dono-patrão-proprietário-’tutor’-patriarca-humano.

Aquela visão bucólica da pecuária, onde sempre parece que o gado está de fones de ouvido, praticamente meditando.

E os processos industriais ou da agricultura familiar não entram nesse cálculo, porque para quem morre ou dá seus anos de vida em troca de alimento diário, tanto faz se o algoz é de uma família quatrocentona latifundiária oligárquica ou é pobre, sem-terra. Há quem fique chocado ao ver uma castração a frio – ‘tradição’ cívica em regiões do RS – que ocorre sempre longe dos flashes da mídia comprometida em lamber as botas do patronato rural. Mas quem faz a castração a faca, faz de forma automática, com cigarro no canto da boca, já esquentando o fogareiro rústico para apreciar as bolas de touro, “que se abrem como couve-flor, quando está no ponto”, como já escutei.

Quem martela o gongo do antiespecismo pretende descolar as pálpebras da pessoa ao lado, largar uma bolinha de ping-pong nas ideias, com vistas não a um ganho seu, mas ao que percebe como justo. Talvez isso é o que provoque tantas reações contrárias e narizes torcidos, em um mundo onde quem não leva algum, está por fora.

E qualquer informação desagradável, imagem chocante, nada mais é que o mundo real, o expediente diário de quem decide a utilização deste ou daquele animal para seu lucro, ou para o lucro de seu patrão. Entretanto, a imagem desagradável do macaco no laboratório é fruto de quem acha que os animais estão aí para nos servir, a imagem desgradável do porco pendurado em ganchos é fruto de quem acha que os animais estão aí para nos servir de alimento, ‘e todo esforço é necessário, afinal de contas’. o antiespecismo aponta essa injustiça e propõe uma vida fora do que a ‘tradição’ manda.

Não se separa a atitude em gavetinhas etiquetadas, compartimentando as pessoas conforme os conceitos até então aprendidos – e que diariamente se provam errados. Não comer carne é ‘um pequeno passo para o homem’ etc. Mas é uma ação para abrir as demais portas, que como as pálpebras estavam seladas pelo bom-mocismo das ideias, pelo medo de parecer idiota.

À venda em nossa eshop:

LIvro Havana 63, de Cesar Dorfman, edição de  luxo de 2013  da Movimento, 330 páginas, formato maior, ilustrado, novo, ótimo estado de conservação, veja fotos.

A obra é resultado de quatro anos de buscas, pesquisas e reencontros que tentam remontar a história vivenciada pelo autor e outros 400 estudantes de arquitetura que participaram do Encontro Internacional de Professores e Estudantes e do VII Congresso da União Internacional de Arquitetos de Havana, em Cuba, em 1963. Algumas das histórias retratadas na viagem são encontros com um dos principais ideólogos e comandantes da Revolução Cubana, Che Guevara, e com Fidel Castro, também revolucionário comunista cubano e primeiro presidente do Conselho de Estado da República de Cuba. Dorfman também aborda as consequências nas vidas dos participantes dos eventos em Cuba após a instalação das ditaduras militares nos países sul-americanos. Cesar Dorfman é arquiteto formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1964. Nestes quase cinquenta anos de profissão, acumulou um notável currículo de projetos construídos e publicados, tendo na última década conquistado quatorze prêmios em Concursos Nacionais de Anteprojetos e recebido espaço especial na VII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. De 1976 a 2010, trabalhou como professor da UFRGS. O produto pode ser comprado em http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-602324478-havana-63-cesar-dorfman-cuba-che-guevara-fidel-unio-arquite-_JM#eshop_DIRETODEPORTOALEGRE.


Arte urbana na Independência


Santa Casa com mais cor

No paredão do Complexo da Santa Casa, à beira do viaduto sobre a João Pessoa / Salgado Filho, uma colorida ilustração celebrou o Outubro Rosa.


Já fui cartunista



Desde a infância, desenhei bastante. Na pré-adolescência, passei a formatar melhor, fazer charges políticas, e tentar caprichar mais no traço. Na virada dos anos 90, tive o prazer de ter um desenho publicado na revista Níquel Náusea, do cartunista Fenrnando Gonzales. Meses depois, saíram três outros na Geraldão, do saudoso Glauco. Dias atrás, achei um exemplar à venda e comprei para fins de arquivo. Reproduzo abaixo a capa da edição e o melhor dos três cartuns então publicados. Eu tinha 14 ou 15 anos.

12 de novembro de 2014

Flashes da 1ª Feira Vegana de Porto Alegre - 9/11


 
 


Ouça minha música 'I Don't Know' no YouTube

Micro-conto número 1

por Marcio de Almeida Bueno

Carlos conheceu Bete em uma palestra chamada 'Kandinsy e a modernidade', e foi paixão à primeira vista. "Além de inteligente é bonita", Carlos pensava - "e é de falar pouco... deve ser uma dessas intelectuais reservadas". Casaram-se pouco tempo depois, e vivem felizes até hoje. o que Carlos não imagina é que Bete jamais soube quem era Kandisky - ela apenas fora naquela palestra porque seu horóscopo dizia "sorte no amor - procure estar em aglomerados de pessoas".

4 de novembro de 2014

1ª Feira Vegana de Porto Alegre é neste domingo


Utilidade pública


do Jornal do Comércio: Jornal do Comércio promove troca de livros durante a feira

Marcio e Ellen participaram da troca de livros no Estande do Jornal do Comércio

Estimular a leitura e promover a interação entre os visitantes da 60ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre é um dos objetivos do Jornal do Comércio. Este ano o estande, localizado na área central da feira, está promovendo troca de livros. Os visitantes podem trazer as obras que não querem mais e trocar por outras.

A bióloga Ellen Augusta e o jornalista Marcio de Almeida Bueno sempre visitam o estande do Jornal do Comércio durante a feira. “Sempre tive biblioteca desde criança, portanto, tenho muitos livros em casa”, comenta Bueno. Os dois trouxeram alguns exemplares da sua coleção, que já estão esperando por novos donos aqui no estande.

Publicado originalmente em http://jcrs.uol.com.br/acontecendo/jornal-do-comercio-promove-troca-de-livros-durante-a-feira/.

Natureza quadriculada ou 'se tem animal e lucro, tem arame farpado'

Por Marcio de Almeida Bueno

A primeira conversa pega-trouxa que autoridades em geral e representantes do setor da pecuária repetem é ‘desenvolvimento sustentável’. Senão, vejamos. O Brasil ocupa a segunda posição em termos de rebanho de gado bovino, perdendo apenas para a Índia. Dados do Censo 2010 apontam 200 milhões de vacas e bois no país, sendo Corumbá, no MS, a cidade com maior população bovina - dois milhões. Já cai por terra o mito do Sítio da Vovó Donalda, onde há apenas uma vaca - com nome próprio, flor na orelha, fita na cabeça - que parece viver como um animal de estimação.

Ainda tem ingênuos que pensam a pecuária como uma atividade de manter o gado por toda a vida em bucólicos gramados, dando toda a assistência - 'a vida que pedi a Deus' - até que um dia ZAP!, tão rápido quanto um piscar de olhos, é feito um acerto de contas para dar de comer às legiões de esfomeados. Miseráveis esfomeados x vacas gordas usufruindo de spa em meio à natureza - eis como a coisa parece ser posta, na argumentação de alguns teimosos.

Há sempre um arame farpado separando a manada do resto da natureza. E especialmente de sua própria natureza, de correr um pouco, andar para qualquer lugar que não seja a rota do brete. Cada vez mais, é mais gado em menos espaço, em mais áreas - inclusive locais sagrados como Amazônia e Pantanal. Mas isso não conta na hora de reunir os amigos para um domingo de alegria. De outra forma, não flui.

Então temos que engolir um novo termo moldado de acordo com os novos tempos - desenvolvimento sustentável - e que parece aplacar o remorso que o cidadão comum começa a ter, ao ver as sacudidas da natureza. Lentamente, Tico e Teco vão se dando as mãos. Alguém fala que não come carne - e, estranhamente, não caiu fulminado por um doença terrível minutos depois, nem por um raio enviado dos céus. Pelo contrário, até está com exames de sangue melhorzinhos. A próstata agradece, inclusive.

Mas o termo serve pra acalmar qualquer leve desespero, tentativa de reflexão que venha a questionar o modus operandi deste nosso sistema de ruralistas fazendo crer que o desenvolvimento é para todos, sem conta bancaria própria no meio. Como se escravizar os animais para fins de lucro, com arames farpados para manter controle, seja algo que se deva agradecer. E depois os açougues distribuem a carne à legião de esfomeados, claro.

E a natureza, essa coisa amorfa que cabe no discurso de qualquer aventureiro, está se tornando quadriculada, em nome de um orgulho pela pujança de terceiros. Que, de alguma forma, incluem no pacote do progresso qualquer um que pegue uns bons cortes de carne no açougue, para o próximo domingo. De graça, claro.

Voluntários ao poente

O poente em Porto Alegre afeta até a Voluntários da Pátria, passado o alvoroço do horário de expediente.

Cartaz-paródia satiriza Sartori

Passadas as eleições, este hilário cartaz na Independência com Fernandes Vieira debocha do novo governador.

Ao vivo na Rua da Praia

Na Rua da Praia, a banda manda ver no improviso, e o mendigo assiste a tudo na primeira fila. O baterista é muito bom, e até deixa o guitarrista meio inibido.

20 de outubro de 2014

Veganos e vegetarianos têm mais uma opção na Região Metropolitana

por Marcio de Almeida Bueno

Abriu mais um restaurante chinês ovolactovegetariano com opções veganas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Trata-se do 'VEV - Vegetariano Estilo de Vida', localizado no Centro de Gravataí. É buffet livre de segunda a sábado, das 11h30min às 14h. Fica na rua Ernesto Fonseca, 113, entre a Adolfo Inácio de Barcelos e a Coronel Sarmento. O telefone para contato é 51-3484-3807.

16 de outubro de 2014

Vanguarda Abolicionista é selecionada para projeto do Vista-se

O portal Vista-se lançou o projeto Doe, que convida os internautas a colaboraram com R$ 2,99 por mês para grupos de defesa animal no país. A Vanguarda Abolicionista, coletivo de libertação animal e veganismo do qual sou fundador e diretor-geral, foi a mais recente selecionada, e está no link http://vista-se.com.br/doe/#van. Um vídeo de apresentação está em http://youtu.be/yAM3A2QV7QE, e toda ajuda é bem-vinda.

13 de outubro de 2014

Uma tragédia parece estar sendo sinalizada

por Marcio de Almeida Bueno

A esquina da Independência com Garibaldi se transformou em roleta-russa. Senão, vejamos. O motorista que sobe a Independência não pode dobrar à esquerda e entrar na Garibaldi, conforme placa indicativa - ela aparece no lado esquerdo da foto, entortada. O motorista que desce a Independência não pode dobrar à direita e entrar na Garibaldi. Como há faixa exclusiva, geralmente são ônibus e lotações, mas eventualmente há automóveis que de alfuma forma estão nessa faixa. O que acontece é que quando abre o sinal para a Independência, fecha o da Garibaldi, acendendo o verde para a faixa de pedestres que ali está instalada, ao lado de uma banca de frutas. Nesse momento, é tão comum que motoristas - geralmente subindo a Independência - repentinamente dobrem à esquerda, que bastam alguns minutos para se fazer um flagrante. Na faixa de segurança, os pedestres precisam pular para escapar da investida cara-de-pau desses veículos, que comemtem erro duplo - dobram onde é proibido, e cruzam uma faixa de segurança com sinal verde para pedestres. A reclamação é geral, tal como o susto. Houve vezes em que os pedestres bateram palmas, de forma debochada, e em outras 'trancaram' o veículo bem no meio da infração. O local fica em frente ao Hospital Getulio Vargas, e nas proximidades há o Colégio Rosário, cursinhos pré-vestibulares e muita circulação de pedestres. Uma tragédia parece estar sendo sinalizada.

Arte urbana: as etiquetas com frases


por Marcio de Almeida Bueno

A novidade em termos de arte urbana são etiquetas espalhadas por postes e orelhões da Cristóvão Colombo, na região do Shopping Total. Cada uma delas - do tipo usado para colocar preço em mercadoria - traz uma frase rabiscada à caneta, no mínimo, desconfortável. Geralmente a temática envolve Deus, Diabo, Jesus, Jeová, um ou outro palavrão, em dizeres que devem assustar muito transeunte desavisado. Não há assinatura, e dá para imaginar um crackeiro em momento Toniolo, um poeta-guerrilheiro, ou alguém dando boas risadas.

Bom livro: 'A Planta da Donzela', de Glauco Mattoso

por Marcio de Almeida Bueno

Conhecido por sua poesia violenta, escatológica e podólatra, o guerrilheiro das letras Glauco Mattoso lançou seu primeiro romance. Obviamente, nada comum. O fetiche por pés abarca José de Alencar, em uma obra de pesquisa, mimetismo e reescritura. O clássico 'A pata da gazela' se transforma em Hulk, calcando-se em referências, citações, pastiche e fetiche, o que deixa o leitor desconfortável, no mínimo. A edição é da Lamparina, com 220 paginas. Um exemplar novo, sem uso, está à venda em minha eshop no Mercado Livre, em http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-585039459-glauco-mattoso-a-planta-da-donzela-podolatria-fetiche-pes-_JM#eshop_DIRETODEPORTOALEGRE.

Viaduto da Conceição

6 de outubro de 2014

Vida frugal: aproveitamento de calor resulta em economia de gás

por Marcio de Almeida Bueno

Um dos muitos itens observados em uma vida frugal é o não-desperdício de coisas corriqueiras, que passam desapercebidas no dia a dia. O uso de panelas de aço com base turbinada significa uma diferença significativa no gasto mensal com o gás liquefeito de petróleo, sem falar da ausência de metais pesados como alumínio e toxinas dos Teflon da vida. E essa base turbinada permite que ao se cozinhar um arroz, por exemplo, se possa desligar o fogo na metade do processo - tamba-se a panela, e em um ou dois minutos a água seca e a comida está pronta. Além disso, dá para aproveitar o calor intenso que segue emanando do cozimento - sem fogo - para aquecer uma segunda panela, como um feijão que estivesse na geladeira. A foto ilustra uma ocasião dessas, como o arroz sendo cozido 'na banguela', e ao mesmo tempo aquecendo a panela do feijão, feito na véspera e que precisava apenas ser aquecido. A diferença no gasto com gás torna-se evidente, e sem prejuízo no tempo dispensado na preparação de refeições.

Inverno no Moinhos de Vento


Pizzas caseiras como lanche prático vegano

por Marcio de Almeida Bueno

Diversas marcas de massa de pizza, encontradas em supermercadas, são isentas de ingredientes de origem animal - basta ler os rótulos. Na cobertura, a imaginação é o limite. Bolognesa com proteína texturizada de soja, cebola, azeitona, palmito, orégano, pimentão, tomate. Produtos comprados na feira, a baixo preço, viram ótimos sabores de pizza preparada em casa, sem maiores sofisticações, mas com sabor garantido.


A poesia nas calçadas de Porto Alegre

1 de outubro de 2014

Pizza e xis veganos 'da diretoria' no Govinda

por Marcio de Almeida Bueno

No Govinda, tradicional restaurante vegetariano / vegano localizado na esquina da Santa Terezinha com José Bonifácio, já tenho meus dois pedidos favoritos. A pizza é tamanho família, com o sabor básico 'Govinda 2', acrescido de strogonoff, azeitona, tofupiry, glúten tostado, tofu defumado ralado, tomate fresco. O xis, que carinhosamente apelidei de 'x-crocodilo', é o tamanho grande, na versão dupla, glúten-glúten, ou seja, com dois rosbifes. Ainda é possível acrescentar tomates secos e rúcula. Tudo vegano, óbvio.


Cruzamento perigoso

 por Marcio de Almeida Bueno

Na noite da última sexta-feira, dia 26 de setembro, houve acidente entre um automóvel e um caminhão do Corpo de Bombeiros. O fato aconteceu na esquina da Mostardeiro com Goethe, em torno das 22h. Mais do que trânsito afunilado, a questão foi ter deixado parado um veículo que justamente serve para salvar vidas. Devo a minha a um desses caminhões.

'O ciclista e a equilibrista'

por Marcio de Almeida Bueno

A valente cadeirante enfrenta o trânsito da Vasco da Gama, em sua cadeira motorizada. Ela anda pela ciclovia, o que requer uma certa coragem. Já o cilicista anda na contramão, fora de sua faixa. Eu, pedestre, já tomei muito susto dessa parcela de condutores - que tem meu total apoio, diga-se - que tanto exige dieitos e condutas normatizadas.

29 de setembro de 2014

Do Correio do Povo de 27/09/14

Evento no Centro de Porto Alegre promove luta contra o abate animal

Foto: Paulo Nunes / CP

Manifestação acontece simultaneamente em todo o planeta

Por Jézica Bruno

Para lutar contra o abate de animais e fazer a população mundial repensar sobre o consumo de carne o evento 269life, que acontece todo ano, de forma simultânea em todo o planeta, foi realizado nesta sexta-feira, na Esquina Democrática, em Porto Alegre. A iniciativa do movimento na Capital é de ativistas independentes e da Vanguarda Abolicionista. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil são abatidos 80 milhões de animais por ano para o consumo.

O movimento começou em Israel quando três ativistas visitaram uma fazenda e viram um bezerro com um brinco amarelo na orelha. Ele estampava o número 269 e servia para identificar o animal para o abate. Desde então, o número tornou-se símbolo de luta pelo fim da escravidão animal. Muitos veganos, pessoas que optaram por não consumir qualquer tipo de produto de origem animal, carregam o símbolo tatuado no corpo.

De acordo com o diretor-geral do Movimento Abolicionista Marcio de Almeida Bueno, as ações são movidas por uma questão ética. “Foi feita historicamente uma construção dentro da raça humana de comer a carne de alguns animais e de diferenciá-los de outros que nós lutamos para desconstruir”, explicou.

Durante o evento, que está em sua quinta edição em nível mundial, foi feita panfletagem e protesto com banners que defendiam a liberdade animal. Participaram vegetarianos, veganos e simpatizantes da causa animal.

24 de setembro de 2014

Ouça minha música 'I don't know'

Esta é a música 'I don't know' - apesar do título, é cantada em Português - da minha banda Videogames Sem Controle, disponível no EP 'Um ar de sono torto'. Canto e toco guitarra. A composição é uma parceria minha com o baiano Daniel Barbosa, com quem produzo há décadas. O estilo é rock gaúcho, mezzo psicodélico e mezzo torto. Todas as faixas já gravadas podem ser ouvidas em http://www.reverbnation.com/videogamessemcontrole.

20 de setembro de 2014

Cavalgada do Mar: a farra-do-boi gaúcha

Na passagem do 20 de setembro, reproduzo matéria de minha autoria que fiz em 2010 por solicitação do jornal Folha do Meio Ambiente, editado em Brasília/DF com distribuição nacional. Uma versão digital está em http://www.folhadomeio.com.br/publix/fma/folha/2010/04/cavalga209.html.




Cavalgada do Mar: a farra-do-boi gaúcha

por Marcio de Almeida Bueno

Cavalgada do Mar assemelha-se a tradições culturais moralmente condenáveis, como farra do boi, rodeios e touradas

No início do ano, o litoral do Rio Grande do Sul sediou a 26ª Cavalgada do Mar, reunindo três mil cavalarianos para 240 quilômetros pelas praias. Já nos primeiros dias, a imprensa noticiava a morte de dois cavalos, mas extra-oficialmente corria a informação de que seis a oito cavalos tinham morrido de stress e exaustão. Uma dúzia havia passado mal. Com isso, dezenas de entidades de proteção e grupos pró-libertação animal lançaram a 'Carta Aberta Aos Gaúchos de Bom Senso', que rodou a Internet e chamou a atenção para o caso. O documento pedia o fim da Cavalgada do Mar e denunciava a exploração do cavalo, apesar de ser 'o melhor amigo do gaúcho'.

E ssas cavalgadas fazem parte da indústria cultural pilchada, que se reproduz pela mídia e calendário de eventos celebratórios. É mais um do barroquismo cívico, parte de uma identidade que se alimenta da exibição", comenta o historiador e professor da Universidade de Passo Fundo, Tau Golin. Em seu livro 'Identidades', Golin classifica a tradição gaúcha como uma cultura da violência. "Nesta poética, existem inúmeras músicas que o índice de hombridade é medido pela capacidade de violência contra outros homens e os animais, no 'poder' de sujeitar cavalos", aponta.

Para a bióloga Ellen Augusta Valer de Freitas, "as fezes equinas durante a cavalgada, estimadas em 500 toneladas, causam desequilíbrio ambiental e poluição, pois não são recolhidas prontamente". Ellen explica que o pisoteio dos cascos ferrados de três mil cavalos funciona como milhares de enxadas na areia, esmagando a macro e microfauna, coisa que o pé dos banhistas não provoca. Se nos chocamos com a morte em massa de animais maiores, por que desconsiderar mariscos, siris e tatuíras?

Crítica na mídia

Alguns dos formadores de opinião gaúchos começaram levantar críticas, ao que antes parecia ser unanimidade. O colunista Paulo Sant'Ana, de Zero Hora, em 'A Cavalgada da Gordura', falou dos cavalos gordos e despreparados para uma jornada extenuante, montados por quem também estava acima do peso. Juremir Machado da Silva, no centenário Correio do Povo, publicou 'Tempo de matar cavalos', texto lido ao megafone durante o protesto em 26 de janeiro, na frente da sede do Governo Estadual e Assembléia Legislativa. O ato juntou ativistas e protetores, com ampla cobertura dos meios de comunicação. Para a jornalista Helena Dutra, do grupo Vanguarda Abolicionista, "a Cavalgada do Mar assemelha-se a tradições culturais moralmente condenáveis, como farra-do-boi, rodeios e touradas, com primitivismo, crueldade e indiferença para com o sofrimento. O fato de ainda se perpetuarem no século 21 é um atestado da nossa falência ética".

Comer, beber e dar risada

Vilmar Romera: "se morrerem 15 cavalos, não tenho nada com isso. Esse é um problema do dono do cavalo. É como mulher. Se tu não tratares bem, vais levar guampa".

Em entrevista dada a Zero Hora, o folclorista Paixão Côrtes, nome maior do tradicionalismo gaúcho, dizia não ver razão na Cavalgada do Mar. "Não há pesquisa nem serve para questionar os problemas do RS. É comer, beber e dar risada", decretou. Naqueles dias, o presidente da Fundação Cavalgada do Mar, Vilmar Romera, defendia o evento no mesmo veículo, com declarações desastradas - "se morrerem 15 cavalos, não tenho nada com isso. Esse é um problema do dono do cavalo. É como mulher. Se tu não tratares bem, vais levar guampa". O lema deste ano era 'Mulheres a Cavalo pelo Rio Grande'.

Mais de cem mil pessoas já assinaram o 'Manifesto contra o Tradicionalismo' - gauchismos. blogspot.com, e nas enquetes da mídia, a maioria do público pediu o fim da Cavalgada do Mar. A advogada da ONG Chicote Nunca Mais, Márcia Suarez, presente em dois debates sobre o tema, quer que sejam identificadas os donos dos animais que foram a óbito durante os dias de cavalgada. "Vou utilizar o que dispõe hoje a lei para que em 2011 os animais estejam em melhor condição. Um veterinário para cada 50 eqüinos - e não apenas um para três mil, como é atualmente", diz. O Ministério Público gaúcho abriu inquérito para apurar as denúncias.

A psicóloga Eliane Carmanim Lima, mestre em Sociologia da Violência e Criminalidade, esclarece que "o século XXI está conhecendo a cultura que substituirá esta que cavalga cavalos à exaustão em nome da tradição. Esta que vemos nascer é a que se reúne em praça pública para pedir justiça". Para Eliane, uma mudança está em curso. "Se hoje conseguimos enxergar o crime de maus tratos a animais, arbitrado desde 1934, é porque nosso olhar mudou. Atinge a alimentação, a educação, a economia e mesmo hábitos que muitos pensavam estarem resguardados pela 'tradição'. A mudança segue a galope, cada vez mais célere e indomável. Não poderá ser freada ou domada como têm sido os animais", compara.

Para Luiz Martins da Silva, professor de Ética da Universidade de Brasília, é necessário levar às novas gerações uma compreensão ainda mais elevada acerca do mundo, uma ética da compaixão. "Se o ser humano se considera superior, não deve esperar que os supostos 'brutos' se elevem até si, mas que no enlevo da compreensão possa oferecer uma simetria para com eles, senão as pessoas matarão tudo o que for vivo e que não considerarem que é simétrico a si. Inclusive humanos", pondera.

18 de setembro de 2014

Segue a sub-miséria para humanos e animais

Há uma lei em Porto Alegre que progressivamente restringe a circulação de carroças, assunto já exaustivamente debatido, inclusive os mecanismos de inclusão social dessa mão-de-obra. Mas há lugares que ainda fazem uso da tolerância, e não enxergam as consequências dessa vista-grossa. Geralmente há um acerto do carroceiro com o zelador / porteiro / vigia, o que lhe dá acesso interno a condomínios, para pegar o lixo seco que deveria ser entregue somente para a coleta seletiva. É uma migalha de esmola, que obviamente alivia mais a quem dá do que a quem recebe. Mais que uma ajuda, é a manutenção de um sistema injusto que causa degradação ambiental, escraviza homens e cavalos, e promove o trabalho infantil. Tudo isso bem longe das vistas de quem 'dá'. Estre flagrante foi na Bela Vista, no último dia 16.