11 de agosto de 2014

Da série 'Poesia em metro'

Poste

eu só peço salvação
se não for incômodo
ou em me mudo para outro cômodo
da mesma casa, e aí crio asas
e vôo
creio que posso planar, se subir bem alto
impulsionado por um foguete ou por um salto

eu só peço caridade
se não for desfeita
ou eu me mudo para outra cidade
onde haja a mesma rua
mesma casa
o mesmo poste
creio que posso cultivar lírios de cemitério
na matéria fértil do meu cérebro

eu só peço paz & amor
se não for antiquado
creio que posso imitar um poste
tipo ficar parado
(na esquina dessas ruas que eu não consigo atravessar)
sem ninguém me notar
basta cruzar os dedos ou criar asas
ou subir bem alto
ou dar um salto.

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